A Psicoterapia no Tratamento da Neurastenia
Carlos Fernando de Figueiredo Valente
168 páginas
ISBN 978-989-53763-1-5
Até hoje, nas poucas publicações disponíveis acerca da história da psicoterapia portuguesa, era consensual atribuir a Egas Moniz a autoria do primeiro trabalho científico acerca de psicoterapia (psicanálise), em 1915. A sua lição inaugural do Curso de Neurologia (de uma série de três), intitulada As Bases da Psicanálise, marca o início formal da exploração da teoria psicanalítica no meio académico português.
No entanto, em 1912, Figueiredo Valente escreve a sua dissertação inaugural na Faculdade de Medicina de Lisboa, sob orientação de Egas Moniz, intitulada A Psychotherapia no tratamento da neurasthenia. Esta obra, até ao momento nunca citada na literatura especializada, é o primeiro trabalho de fundo inteiramente dedicado à psicoterapia por um autor português.
Trata-se de um texto de grande valor histórico, não só por ser o primeiro, mas por permitir compreender o pensamento e as práticas da época, tão pouco documentados. Aborda as práticas terapêuticas sugestivas, como o hipnotismo, mas argumentando que estas levantam obstáculos de ordem ética, recomendando, pela primeira vez, que sejam substituídas por uma prática psicoterapêutica baseada na persuasão e na reeducação moral. Tem também o condão de alargar a discussão da época, previamente resumida à tentativa de compreender o doente, ao colocar na equação o papel e a preponderância do médico, e, consequentemente, da relação terapêutica nos cuidados a prestar.
O prefácio de José Morgado Pereira permite inserir a obra nos contextos nacional e internacional, descrevendo o período pré-psicanalítico das psicoterapias.
O comentário de Luís Fernandes promove uma reflexão acerca da evolução das psicoterapias até à actualidade, partindo dos principais temas abordados por Figueiredo Valente e tecendo considerações acerca de como são presentes na contemporaneidade.